
Que a tecnologia é uma forte aliada da segurança pública, não há dúvidas. O cercamento eletrônico é um exemplo prático dessa aliança, que tem trazido resultados expressivos nos últimos anos. Em Porto Alegre, por exemplo, chegou a reduzir quase 60% o número de furtos e roubos de veículos em três anos de implementação.
Mas como funciona o OCR, a tecnologia utilizada no cercamento eletrônico? Hoje você vai conhecer a fundo como essa ferramenta trabalha e como o OCR auxilia na segurança pública.
O que é OCR?
Vamos começar pela sigla! OCR vem do termo em inglês “Optical Character Recognition”, que significa “Reconhecimento Óptico de Caracteres”.
De uma forma muito simples, o OCR converte diferentes tipos de documentos digitalizados em dados que podem ser pesquisáveis e editáveis. Se você bater uma foto de uma página de jornal, por exemplo, não consegue selecionar só o título da notícia. O OCR torna isso possível, e mais do que selecionar é possível pesquisar e cruzar informações.
A tecnologia detecta caracteres (letras, símbolos e números) de arquivos como PDF e imagens e os transforma em um arquivo digital aberto, que pode ser editado. Somente arquivos nos formatos PDF e imagens?
Não, é possível utilizar qualquer outro tipo de arquivo. Por exemplo, se você faz uma foto de um cardápio no restaurante, você digitaliza o cardápio em um arquivo de imagem no seu celular ou câmera, certo?! O que o OCR faz é extrair o conteúdo desta imagem em arquivo de texto real, onde você pode editar ou consultar informação com facilidade. E a ferramenta que contém o OCR pode estar em qualquer dispositivo, inclusive no seu smartphone.
O OCR é uma tecnologia versátil, que pode ser utilizada para qualquer coisa, realmente qualquer coisa! Desde uso pessoal, como converter um arquivo simples em texto (e que você encontra facilmente na internet) até agilizar processos na indústria e captar dados de documentos (passaportes, identidades). Além, é claro, de auxiliar a segurança pública, que é o nosso tópico de hoje.
Onde surgiu o OCR?
O OCR é uma tecnologia antiga. A primeira versão de reconhecimento de caracteres foi desenvolvida por uma agência americana, que hoje conhecemos como NSA (Agência de Segurança Nacional), em 1950, e se chamava Gismo. O termo OCR foi criado pela IBM, em 1953, depois que a empresa adquiriu uma licença e desenvolveu seu próprio software.
De lá pra cá, a tecnologia só ganhou força e mostrou-se versátil quando combinada com inteligência artificial e estruturação de dados, que é o caso do cercamento eletrônico. Afinal, o OCR faz a conversão dos caracteres em texto editável, mas é a junção com bancos de dados que faz a “mágica” acontecer e a informação chegar lá na ponta, quando a força policial atende à ocorrência.
Como o OCR funciona no Cercamento Eletrônico?
No cercamento eletrônico, o OCR é instalado nas câmeras de monitoramento da cidade com o principal objetivo de captar informações das placas dos veículos. Existem algumas empresas que oferecem esse serviço hoje no mercado, e o termo mais conhecido é “Sistema de monitoramento inteligente”.
Mas vamos explicar como, no geral, a tecnologia funciona nesses sistemas.
A tecnologia faz a leitura dos caracteres, transforma o conteúdo em texto editável e cruza essas informações com o banco de dados para identificar padrões, ou seja, infrações. Então, se o sistema de cercamento capta as informações de uma placa de veículo adulterada e existe esse registro no banco de dados da polícia, quando o cruzamento das duas informações acontece, um alerta é emitido. E tudo isso funciona em tempo real.
O sucesso da tecnologia está na integração de sistemas para cruzamento de informações. No infográfico a seguir, usamos o formato utilizado no Rio Grande do Sul para exemplificar o processo:
Além da identificação de placas para ocorrências de furtos e roubos, a tecnologia OCR permite uma grande estruturação de dados. Então, através de parâmetros pré-definidos, o software pode identificar o que for de interesse da polícia. Desde placas, marcas e modelos, até adesivos nos carros que permitam uma leitura e identificação.
As infinitas possibilidades do OCR
Já falamos aqui no blog os inúmeros benefícios do cercamento eletrônico para a segurança pública. Mais do que isso, a tecnologia tem muitas possibilidades de contribuir para as iniciativas das Forças de Segurança. Essas oportunidades são abordadas no que se chama de Inteligência e Gestão da Informação Aplicada à Segurança Pública, que inclui várias tecnologias, além do OCR.
O OCR é exemplo de tecnologia simples que se potencializa quando integrada com demais sistemas. E as possibilidades dessa integração são gigantescas – daí a necessidade de uma área de gestão dessa informação. É possível não só monitorar placas de carros, mas também tempos de deslocamento, percursos, características, enfim.
Em outras palavras, o OCR faz a leitura dos dados. O que pode ser feito com esses dados têm possibilidades praticamente infinitas. Desde que integrada com o sistema certo (para o objetivo desejado), a tecnologia pode gerar muita inteligência em informações.
Abaixo listamos outras três possibilidades da tecnologia OCR:
Se você tem uma conta no Google, você tem essa tecnologia na palma da sua mão. O próprio Google Drive permite que você faça a conversão de arquivos PDF e imagens em textos para facilitar o seu dia a dia.
O sistema OCR pode ser utilizado para converter imagens e arquivos não editáveis em textos que podem ser lidos por softwares de acessibilidade, como os utilizados por cegos, por exemplo. O OCR converte os dados em textos e o sistema faz a leitura transmitindo o conteúdo em voz sintetizada.
Na validação de documentos, o OCR faz a leitura e extrai os dados de documentos como CNH ou RG de forma automatizada. A utilização, além ser mais ágil (do que se fosse feito manualmente documento por documento), também evita fraudes e é muito utilizada pelo mercado financeiro.