Notícias

Professor Eduardo Pazinato analisa a expansão das facções criminais gaúchas para cidades médias e pequenas do RS

Em menos de um ano, pelo menos 130 pessoas suspeitas de ligação com facções criminosas foram presas em operações policiais na região central do Estado. Desde agosto de 2020, quatro grandes ações da Polícia Civil, em conjunto com outros órgãos de segurança, foram deflagradas em Santa Maria e em outras cinco cidades para tentar conter o avanço desses grupos para municípios menores. Segundo as investigações, essas facções disputam territórios para o tráfico de drogas, elevando os índices de violências em locais antes considerados tranquilos, coagindo moradores, praticando roubos e assassinatos.

As facções criminosas têm migrado de grandes cidades para municípios menores em busca de mais espaço e de um novo mercado consumidor de drogas. Há cerca de sete anos, grupos da Região Metropolitana começaram a se instalar em outros polos, como Santa Maria, com o intuito de expandir as áreas de atuação e conquistar outros territórios.

Transferência de lideranças pode estar relacionada à migração das facções

A maior ação policial integrada no Estado, a Operação Pulso Firme, em 2017, pode ter relação com a migração das facções criminosas para cidades menores. Na época, uma ação com mais de 3 mil homens de 20 instituições transferiu 27 condenados gaúchos, que eram considerados líderes de facções, para penitenciárias federais.

Conforme o professor coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã da FADISMA, Eduardo Pazinato, a transferência de criminosos parece estar associada a um processo de migração das facções que já acontecia, mas que talvez agora tenha ganhado um ritmo maior.

– O segundo componente que acho importante é a estratégia atual do governo do Estado, que é o programa RS Seguro. Esse projeto vem focalizando algumas cidades, como a Capital, a Região Metropolitana, e cidades-polo do Interior, com um conjunto de intervenções e monitoramentos no campo das políticas públicas de segurança. Digo isso porque essas duas causalidades parecem estar associadas a um processo de migração das facções que ganham um ritmo maior justamente pela focalização da atuação da área de segurança e justiça nas cidades maiores e médias, como Santa Maria – conta Pazinato.

O professor explica que essa resposta do governo contra as facções e a complexidade do mercado das drogas em cidades maiores podem fazer com que esses grupos busquem mais espaço e mercado consumidor em outros municípios. É dos grandes centros urbanos que os grupos movimentavam uma maior quantidade de recursos, pessoas, armas, veículos e outras mercadorias ilegais, que os mantêm.

Confira o vídeo completo abaixo:

Texto originalmente publicado por Laíz Lacerda no Portal Bei.