Blog

Setembro Amarelo: a necessidade de se discutir a saúde mental dos agentes de segurança pública

Setembro Amarelo: a necessidade de se discutir a saúde mental dos agentes de segurança pública

De acordo com dados do Anuário de Segurança Pública 2022, no último ano, o número de suicídios de policiais da ativa apresentou um aumento de 18,5%. Os maiores registros foram no Maranhão, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Em 2019, um levantamento realizado pelo programa Fantástico apontou que, por dia no país, ao menos 43 PMs são afastados em decorrência de transtornos psiquiátricos.

Os indicadores apontam a urgência de se discutir a saúde mental dos profissionais que atuam junto à segurança social. É reconhecido que as tarefas desempenhadas por esses profissionais são acompanhadas por grandes cargas de estresse, insegurança e perigo. Esses fatores podem ser compreendidos como um processo psicológico que interfere, de forma direta e inconsciente, nas respostas que agentes precisam realizar no exercício profissional.

Para além do ambiente de trabalho, muitos profissionais quando estão de folga também sofrem pressões que afetam a sua saúde mental. Sem farda, alguns trabalhadores são perseguidos e mortos, ou têm suas famílias ameaçadas. Os constantes riscos aos quais estão expostos em função do exercício da sua profissão geram uma constante sensação de medo por si e por sua família.

No país, a rede de suporte aos agentes de segurança ainda é falha e precisa avançar consideravelmente. Um estudo realizado por Cavagnolli (2021) aponta que o atendimento psiquiátrico dentro da própria polícia é insuficiente, com aproximadamente 2 psicólogos para cada mil policiais. Além disso, o autor destaca a discriminação que os agentes, ao buscarem auxílio, recebem dos próprios colegas, fazendo com que evitem falar sobre questões emocionais.

O primeiro passo para melhorar a saúde mental dos profissionais e, consequentemente, a segurança pública é investir em uma rede de atendimento psicológico e de acolhimento que atenda todos os profissionais da área. Uma segunda medida que pode ser adotada é a implantação de uma cultura de saúde nas organizações, englobando os profissionais e seus familiares em aspectos de assistência social e atendimento especializado em saúde.